Ao longo dos anos, o Museu passou por mudanças diversas em sua expografia e teve acréscimos em seu acervo, resultantes da incorporação de produções artísticas e científicas desenvolvidas no Serviço Florestal. Uma delas foi a Escola de Charão.

O charão, também conhecido como Urushi, é uma árvore natural da Ásia. Era utilizada em uma técnica milenar, de mesmo nome, que basicamente tinha o objetivo de envernizar objetos (especialmente em madeira) através das resinas extraídas da árvore por cortes horizontais no tronco que fazem escorrer a seiva, utilizada na produção de laca, possibilitando a armazenagem da mesma em barricas, por meio de um processo artesanal filtra-se a seiva. Esse processo é realizado entre os meses de Junho e Novembro, que é exposta ao Sol ou recebe luz de lâmpadas infravermelhas, só então é misturada sistematicamente até chegar ao ponto transparente, que origina todas as cores, menos o preto.

Vale ressaltar que o Charão é classificado como “Toxicodendron”, pois faz parte do gênero de árvores tóxicas que assim são denominados na botânica, é nociva à saúde pelo contato com a pele quando ainda se encontra em solução líquida, causando na maioria dos casos Dermatite.

No Museu Florestal Octávio Vecchi, é possível conferir em seu acervo o resultado de diversas produções científicas e artísticas desenvolvidas pelo antigo Serviço Florestal, hoje denominado por Instituto Florestal, que sempre teve por objetivo incentivar a pesquisa e a obtenção de novos conhecimentos da ciência.

Aqui no Brasil, o método chegou em 1930 pelas mãos do japonês Ryoichi Nakayama que aportou em Santos trazendo sementes da espécie toxicodendron succedanea, da Indochina Francesa, para ser introduzida no país, o então Serviço Florestal financiou o plantio da espécie, sendo em 1938 realizada a primeira extração. No mesmo período começou o curso ainda informal da técnica do Charão, tendo Nakayama como professor, porém foi apenas em 1959 que o curso foi oficializado em Escola, sendo a primeira e única do país conforme registros do Museu da Imigração Japonesa. Nakayama, entretanto, veio a falecer no ano da inauguração da escola. Sadao Nakayama (filho do Ryoichi) e Isabel Taeko Ohtake foram as pessoas que deram continuidade às obras da escola, que funcionou aproximadamente até os primeiros anos da década de 1970.

Em 1992, um pesquisador do Instituto Florestal viajou ao Japão e comunicou a experiência da Escola de Charão e da extração da seiva da espécie toxicodendron succedanea a um especialista da Universidade de Hiroshima, que informou que esta espécie produz cera, mas não o verniz para produção da laca. Deste modo, possivelmente a especie aclimatada pelo Serviço Florestal foi a toxicodendron vernicifluum, que possui características muito semelhantes à outra e torna difícil a identificação para distingui-las.

O Museu detém atualmente um acervo de 269 peças de charão, entre móveis e objetos de arte.