26/10/2017

No dia 25 de outubro, o Instituto Florestal (IF) realizou a 6º edição do Seminário Frutos da Mata Atlântica: o sabor da biodiversidade. O evento aconteceu no município de Registro/SP e contou com a presença de 161 participantes inscritos.

O Seminário foi criado em 2012 com o objetivo de difundir as frutas do bioma que tivessem potencial comercial. O evento cresceu e hoje proporciona o debate a troca de experiências entre os produtores rurais que já trabalham com esses produtos e órgãos públicos envolvidos para a avaliar as novas perspectivas deste mercado. Alguns desdobramentos que se deram à partir das edições dos anos anteriores merecem ser destacados, como o aumento das pesquisas com essas espécies e a adoção do fruto de juçara na merenda escolar do município de Sete Barras/SP.

“A melhor forma de conservar uma espécie é promover o seu uso”, defendeu o pesquisador científico do Instituto Florestal Miguel Luis Menezes Freitas, presente no evento.

A mesa de abertura foi composta pelo pesquisador científico aposentado do IF e idealizador do evento Guenji Yamazoe, pelo pesquisador científico Miguel Luiz Menezes Freitas, representando o diretor geral do Instituto Luis Alberto Bucci, e pelo secretário de desenvolvimento agrário e meio ambiente de Registro Nelson Basílio da Silva, representando o prefeito municipal.

A primeira palestra foi a apresentação da experiência com sistemas agroflorestais e turismo rural realizada no Sítio Bela Vista, em Cananéia/SP, pelos produtores Clodoaldo Estevam Bernardo e Suzete Bernardo. Clodoaldo afirmou que a introdução de abelhas nativas aumentaram sua produção de juçara. “É interessante observar o papel das abelhas na colonização da espécie”, afirmou o agricultor.

O professor Antonio Baldo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Registro ministrou palestra  sobre a propagação vegetativa de espécies frutíferas e nativas, seguido por Horst Bremer e Poliana Spricigo, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”(ESALQ/USP), que apresentaram resultados de pesquisas realizadas com frutas da Mata Atlântica. O pesquisador afirmou que a população precisa conhecer e usar para valorizar os produtos do bioma. Os estudos buscam caracterizar a qualidade dos frutos como cereja-do-rio-grande, cambuci, uvaia e grumixama e realizar o mapeamento de suas variedades pelo território paulista. “Desta forma, quando o mercado estiver maduro, será possível dizer onde eles estão”, explicou Bremer.

A última palestra do período da manhã foi realizada por Guaraci Belo de Oliveira, da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria do Meio Ambiente do Estado (CBRN/SMA), que falou sobre a Resolução SMA 14/2014, que “estabelece critérios e procedimentos para plantio, coleta e exploração sustentáveis de espécies nativas do Brasil no Bioma Mata Atlântica, no Estado de São Paulo”.

No período da tarde, Osmar Moska Diz e Beatriz Cantúsio, da Coordenadoria de Assistência Integral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (CATI/SAA) orientaram sobre adequação de pequenas agroindústrias para processamento de frutas. Em seguida Jorge de Oliveira Diogo apresentou o trabalho da organização SOS Abelhas sem ferrão e falou sobre a importância das espécies de abelha nativas para a produção de alimentos. De acordo com Diogo, existem 730 espécies somente no estado de São Paulo.

Mesa Redonda
Ao final, foi realizada uma grande mesa redonda moderada pelo pesquisador científico do IF Ocimar José Baptista Bim e pela professora da Unesp de Registro Francisca Alcivânia de Melo Silva. Alexandre Marques de Oliveira, da Fundação Florestal, mostrou diversas articulações realizadas entre os órgãos públicos e os atores locais que culminaram em resultados bastante positivos. Citou as pesquisas com juçara que começaram a ser realizadas na Fatec de Capão Bonito após a realização do evento e o caso do município de Sete Barras,/SP que incluiu a polpa de juçara na merenda escolar. O produtor Gilberto Ohta, que participa do evento desde a primeira edição, falou da importância simbólica da juçara para a conservação da Mata Atlântica. “Quando começamos a trabalhar com a juçara, a espécie estava em extinção”, conta. Ohta ressaltou ainda a necessidade do diálogo entre órgãos públicos e produtores e da criação de políticas públicas  para que se deem os primeiros passos. “Nós que estamos sempre brigando, agora estamos convergindo”, brincou Ohta. O produtor defendeu ainda que a produção de juçara não funcionaria em grande escala e que o foco deve ser a agricultura familiar. O evento fechou com as palestras de Antonio de Lara Mendes, que produz cachaça com frutas nativas e Maria Titi, produtora de cerveja artesanal de juçara.

O Seminário teve ainda demonstração de equipamento de colheita de frutos de palmeira-juçara.

O auditório da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Registro, onde foram realizados os trabalhos, recebeu um público bastante heterogêneo, com a presença de produtores rurais, técnicos de órgãos públicos, estudantes universitários e gestores de unidades de conservação. As quatro primeiras edições do evento foram realizadas na sede do Instituto Florestal, na capital paulista. Em 2016 o evento começou a ser realizado em Registro por conta da maior proximidade com os produtores. A organização do evento debate a possibilidade ainda de realizar o evento em outras regiões do estado, como o Vale do Paraíba.

A sexta edição do Seminário Frutos da Mata Atlântica foi organizada pelo Instituto Florestal em parceria com a Japan Internacional Cooperation Agency (JICA), Associação dos Bolsistas da JICA (Abjica), Associação Cultural Nipo-Brasileira de Registro, Unesp de Registro, Fundação Florestal, CBRN/SMA, CATI/SAA e Cetesb. O evento teve apoio da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), Prefeitura Municipal de Registro, Prefeitura Municipal de Sete Barras, COOPFASB, Associação do Desenvolvimento Comunitário do Bairro do Rio Preto, Associação Nipo-Brasileira do Bairro do Raposa, Conselho Municipal de Turismo, VERSTA e Jornal Regional de Registro.

Fotos: Acervo Instituto Florestal

Mais informações: Serviço de Comunicações Técnico-Científicas – Tel. (11) 2231-8555 / Ramal 2004