19/12/2016

A conservação da natureza envolve diferentes estratégias complementares às Unidades de Conservação, entre elas a proteção de paisagens culturais que guardam uma relação harmoniosa das comunidades com os ecossistemas.

São comunidades cuja terra tem um grande valor simbólico, enquanto um território ancestral que passa de geração à geração e enquanto fonte de recursos, base de uma economia semifechada, de onde se obtém quase todo o necessário para a vida.

Nesses lugares o uso tradicional dos recursos, assim como a gestão do território, é comandado por uma lógica própria que se difere daquela que rege a sociedade urbano-industrial contemporânea. Todavia, a ausência de políticas públicas apropriadas, em decorrência da falta de compreensão sobre o saber tradicional tem sido responsável, historicamente, por uma progressiva desestruturação do modo de vida tradicional e consequentemente pelo desaparecimento das paisagens culturais, as quais passam a ser absorvidas pelo processo de urbanização, pela implantação de grandes empreendimentos agrícolas nas áreas rurais ou mesmo pela criação de algumas unidades de conservação.

O Instituto Florestal, na perspectiva de contribuir para a valorização da diversidade cultural associada à biodiversidade e para a proteção das paisagens culturais, vem empreendendo pesquisas científicas que trazem o aporte metodológico das ciências humanas para desvendar as práticas tradicionais (as tecnologias utilizadas, as regras de uso do solo e de transmissão e perpetuação do território, os sistemas de manejo agroflorestal etc.) e as características peculiares às formas de economia e desenvolvimento destas comunidades.

Tem-se como objetivo o levantamento sistemático das comunidades tradicionais no Estado de São Paulo, focando-se prioritariamente as pesquisas nos bairros rurais tradicionais caipiras no entorno das unidades de conservação e na área de abrangência das Reservas da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo e da Mata Atlântica para subsidiar as políticas públicas de conservação e desenvolvimento territorial.

*Texto publicado originalmente em 2010 no informativo IF notícias nº4.