06/10/2016

O município de Mogi-Guaçu possui áreas naturais protegidas sob a gestão do Instituto Florestal (IF) e do Instituto de Botânica (IBt), que além de possuir um plano de manejo integrado, têm forte atuação junto às comunidades do entorno. São duas Unidades de Conservação (UC) de proteção integral: a Estação Ecológica e a Reserva Biológica. Essas unidades formam um mosaico e estão conectadas por uma Estação Experimental, sob gestão do IF. Toda essa área forma a Fazenda Campininha, com 4500 hectares.

O mosaico e sua importância
A área onde está localizada a Fazenda Campininha foi adquirida pelo Estado de São Paulo em 1910, para fins de reforma agrária. Na década de 1940 decidiu-se pela sua destinação a projetos de reflorestamento. A porção sul, onde se encontra a Estação Ecológica de Mogi-Guaçu (criada em 1984), localiza-se à margem do Rio Mogi-Guaçu, que divide, neste ponto, os municípios de Mogi-Guaçu, Araras e Conchal.

Os remanescentes florestais formam uma importante parcela da Área de Preservação Permanente (APP) do Rio Mogi-Guaçu e de alguns de seus afluentes. As áreas estão em uma zona de transição entre Cerrado e Mata Atlântica. No Estado de São Paulo, os dois biomas foram intensamente explorados desde o início da ocupação europeia, primeiramente com a extração de espécies de valor madeireiro e depois com a retirada da cobertura vegetal nativa para implantação de culturas agrícolas. Atualmente, ambos os biomas estão em situação crítica para conservação. As áreas do mosaico, estão localizadas em uma das regiões mais desenvolvidas do estado de São Paulo, a poucos quilômetros de um dos maiores núcleos urbanos do país: Campinas. São habitadas por espécies da fauna e da flora, muitas delas ameaçadas. Constituem também importantes sítios de pesquisas científicas.

Diversidade de fauna
Essas unidades podem ser consideradas como verdadeiros “museus vivos”. Já foram registradas 236 espécies de aves (29,4% das espécies que ocorrem no Estado de São Paulo) e 43 espécies de mamíferos terrestres. Cerca de 150 espécies de peixes se reproduzem em riachos e lagoas marginais do Rio Mogi-Guaçu. Além disso, ainda é necessário estudar o grande número de espécies de anfíbios, répteis e artrópodes na localidade. De acordo com as listas da fauna ameaçada do Estado e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), na Fazenda Campininha também ocorrem 16 espécies de animais ameaçados de extinção. Dentre elas estão a onça-parda, o tamanduá-bandeira e o lobo-guará.

Recategorização de Unidades de Conservação
A Estação Ecológica e a Reserva Biológica possuem um plano de manejo integrado entre as duas instituições (IF e IBt). Ambas pertencem à categoria proteção integral, de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei nº 9.985 de 18/07/2000). Como o mosaico que essa unidades formam está conectado pela Estação Experimental, que de acordo com a legislação não configura uma UC, está sendo proposta a conversão da área para Floresta Estadual.

A Floresta Estadual é uma categoria de Unidade de Conservação que visa o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica. Tem ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

A conversão promoverá, entre outros ganhos ambientais:

  • O aumento da conectividade entre fragmentos de vegetação nativa bem preservados das referidas UCs;
  • A diminuição do risco de invasão de espécies exóticas agressivas nas áreas de vegetação nativa, favorecendo sua regeneração;
  • A conservação de significativa área de vegetação nativa localizada na transição entre os biomas  e inserida em uma região com escassa presença de remanescentes de médio e grande porte;
  • A perspectiva de desenvolvimento de pesquisas visando a restauração, conservação e ou exploração de espécies nativas, com especial atenção às espécies do Cerrado.

De portas abertas
As unidades do IF e IBot constituem importantes espaços verdes que permitem o desenvolvimento de uma ampla gama de atividades voltadas ao público, que vão desde de atividades de lazer e recreação até educação ambiental e formação de cientistas, acompanhando e atendendo às demandas da sociedade. Recebe visitas de escolas do entorno e de grandes universidades, oriundos tanto dos municípios mais próximos de Mogi-Guaçu, como dos municípios mais distantes que possuem universidades públicas, principalmente Universidade Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).

Em junho, foi realizado na área um passeio ciclístico que juntou nada menos do que 713 participantes de todas as idades. Em setembro aconteceu as comemorações do Dia da Árvore com plantio de mudas.

 

Fotos: Marcos Espretoza

Mais informações: Estação Experimental de Mogi-Guaçu – (19) 3841-1056 e 3841-1057