30/09/2016

O Museu Florestal Octávio Vecchi foi inaugurado em 1931 e possui acervo composto por mostruário de madeiras e sementes, peças de xilografia, charão (laca japonesa), marcenaria, marchetaria, pinturas, além de outras obras. Abriga ainda um grande acervo documental, que constitui um arquivo histórico da própria instituição, que na época se chamava Serviço Florestal.

A estagiária de História Sheyla de Oliveira realiza no Museu um trabalho de análise das cartas internacionais da década de 1950. O objetivo é verificar a influência do Serviço Florestal durante o período. Entre os destinos das cartas respondidas por Dom Bento José Pickel (chefe do Museu na época) estão Argentina, Costa Rica, Estados Unidos e França.  Em uma carta enviada à Argentina, Pickel curiosamente dá informações sobre sementes, plantações e mudas do Serviço Florestal em idioma alemão. De acordo com Sheyla, a documentação comprova o constante intercâmbio científico do Serviço Florestal sobre botânica e suas especificidades.

Hiroshima após o bombardeio (1945) e nos dias atuais (2015)

Um dos temas mais interessantes visitados nesta pesquisa é o intercâmbio com o Japão. Logo após a II Guerra Mundial, Hiroshima estava devastada pelos efeitos da bomba atômica. Tatsuo Morito, reitor da Universidade de Hiroshima na época, enviou diversas cartas destinadas a várias universidades pelo mundo inteiro solicitando sementes e mudas para o reflorestamento da cidade. Uma dessas cartas foi enviada à Universidade de São Paulo (USP) e depois encaminhada ao Serviço Florestal, que era a referência nacional em distribuição de mudas. “A carta sob guarda do Museu Florestal traz um panorama da situação de Hiroshima após o bombardeamento contado pelo reitor, que se diz chocado pela falta de árvores e ansioso para a construção de um bosque para o restabelecimento da paz e o reflorestamento da cidade”, conta.

Guenji Yamazoe, pesquisador aposentado da instituição, conta que o Serviço Florestal enviou sementes de 20 espécies (19 nativas). O pesquisador visitou a Universidade de Hiroshima em 1992 para saber o destino que tiveram as sementes enviadas 40 anos antes. Infelizmente nenhuma delas vingou, provavelmente pela demora da chegada por transporte naval, que levava no mínimo dois meses. “O que me surpreendeu é que, apesar disso, elas foram todas catalogadas e arquivadas na Universidade. As fichas ainda estão lá amareladas”, se emociona Guenji.

“Apenas com um tema dentre os vários existentes na documentação sob guarda do Museu, fica evidente importância desse arquivo histórico. Por isso a conservação arquivística deve se fazer presente para a construção, ao longo do tempo, da trajetória da instituição, de sua influência e de suas ações”, conclui Sheyla.

O trabalho “Resgate Histórico pela Conservação Arquivística do Instituto Florestal: Intercâmbios Científicos (1950-1951)” foi apresentado no 10º Seminário de Iniciação Científica do IF e foi premiado com o 1º lugar na categoria painel. O trabalho teve coautoria de Lucas Leão e orientação do pesquisador científico Dr. João Batista Baitello, Leni Lima e Paulo Muzio.

Carta traduzida pela Universidade de São Paulo

Fotos: Acervo IF e O Globo

Mais informações: Leni Meire Pereira Ribeiro Lima – Serviço de Comunicações Técnico-Científicas – Tel. (11) 2231-8555 / Ramal 2004