31/08/2016

Você já se perguntou o que acontece quando se interfere em um corpo d’água? Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Florestal (IF) avaliou as consequências ambientais e geográficas da alteração do curso do Rio Comprido, no município paulista de Iguape. Um dos maiores e mais importantes rios da região, até a década de 1950 o Rio Comprido era a principal via de acesso de escoamento da produção agrícola até o Porto do Una. Em 1955, foi aberto um canal entre duas voltas do rio com o objetivo de encurtar o tempo de viagem.

Rio_comprido

Mapa de 1914 (Comissão Geográfica e Geológica) e imagem de satélite de 2015 (Google Earth)

Consequências
A intervenção formou uma ilha artificial (Ilha do Ameixal) e provocou erosão e assoreamento. Em poucos anos, ficou inviável a navegação de grandes embarcações, o que acabou impedindo o escoamento da produção local. Isso prejudicou o desenvolvimento econômico da região. O município de Iguape está localizado no litoral sul, na região do Vale do Ribeira, que apresenta os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de São Paulo.

Outra consequência foi a redução territorial do município de Iguape em cerca de 400 hectares. Isso pois o limite municipal com Peruíbe, que era o curso natural do Rio Comprido, passou a ser registrado nos mapas oficiais como sendo através do canal artificial.

Além disso, a erosão também vem causando nos últimos 60 anos a degradação da vegetação de restinga.

Por outro lado, a intervenção no Rio Comprido favoreceu a posterior criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins, em 1986. Caso a abertura do canal não tivesse ocorrido e esta região se desenvolvesse, as propriedades ao longo do rio poderiam continuar a produzir e escoar sua produção em detrimento da conservação do meio ambiente, que possivelmente teria sido degradado pela ampliação das áreas de cultivo e extrativismo. Um ano antes, a Ilha do Ameixal seria declarada Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), visando proteger o ambiente natural por ela abrigado.

Os pesquisadores concluíram com a pesquisa que toda alteração no curso natural de cursos d’água devem ser antecipadamente estudadas. E pesquisas como esta são importantes para evitar equívocos que o desconhecimento do histórico de uso dos locais pode causar.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores e técnicos do Sistema Ambiental Paulista Claudio de Moura (IF), Manoel Messias dos Santos (Fundação Florestal), Luiz  Carlos Liborio (IF) e Gláucia Cortez Ramos de Paula (FF). Foram pesquisadas documentação e legislação ambiental, realizadas consultas à literatura sobre o tema, relatórios técnicos, mapas e cartas topográficas, fotografias aéreas, além de levantamento de informações junto às comunidades tradicionais da região.

O artigo “Consequências ambientais e geográficas da alteração no curso do Rio Comprido, Iguape, SP” está publicado na 54ª edição da revista IF Série Registros e pode ser acessado no link: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/institutoflorestal/wp-content/uploads/sites/234/2016/06/IFSR54_25-33.pdf

Mais informações: Cláudio de Moura – Tel. (13) 3457-9243 / 3457-9244 / 3457-9246 / 3457-9248