25/08/2016

O Parque Estadual Alberto Löfgren (PEAL), conhecido como Horto Florestal, é um exemplo vivo da importância das áreas verdes em ambientes urbanos. Além de proteger espécies de animais e de plantas, é um verdadeiro oásis metropolitano, que garante lazer, educação ambiental e os demais serviços ecossistêmicos essenciais ao bem-estar humano.

São Paulo é uma cidade que não pára de crescer e esse processo caótico de urbanização vem dilapidando suas áreas verdes. De acordo com dados de 2004 do Atlas Ambiental do Município,  entre 1991 e 2000, a quinta maior metrópole do planeta perdeu 6,5% (5.345 hectares) de sua cobertura vegetal. Dessa área perdida 22% (1.170 hectares) foram no entorno do Parque Estadual da Cantareira. Desta forma, a manutenção de áreas protegidas urbanas, como o Parque Estadual Alberto Löfgren, é fundamental para o bem-estar do cidadão paulistano. Contíguo ao Parque da Cantareira está o PEAL, que ocupa lugar de destaque entre as Unidades de Conservação de Proteção Integral do Estado de São Paulo. Apesar de ser uma área relativamente pequena (187 hectares), é bastante significativa no contexto urbano. Encravado na zona norte da capital, o Parque abriga remanescentes da mata atlântica e contribui para a manutenção de um corredor ecológico que conecta a cidade de São Paulo à Serra da Mantiqueira.

O PEAL é amplamente apreciado pela população por seus atributos de lazer e contato com a natureza – aspectos extremamente importantes para seus mais de 2 milhões de visitante anuais, o que torna a 3ª unidade de conservação mais visitada do Brasil, atrás somente do parques nacionais do Iguaçu e da Tijuca. Na cidade de São Paulo, perde em visitantes apenas para o Parque do Ibirapuera.

Os moradores da região norte de São Paulo e dos municípios limítrofes tem uma profunda relação de afetividade com o Horto Florestal. E essa relação é antiga, passada de pais para filhos durante várias gerações. A área foi criada em 1896, com a desapropriação do antigo Engenho da Pedra Branca. Desde então, têm sido a menina dos olhos das mais tradicionais famílias da região, formadas por imigrantes alemães, suíços e japoneses. Um público bastante exigente que não hesita em cobrar da administração pública, mas que têm estado bem satisfeito com a o trabalho feito nos últimos anos. O Instituto Florestal, antigo Serviço Florestal, faz a gestão do espaço desde sua criação, há 120 anos. Desde 2014, compartilha a gestão da área com a Coordenadoria de Parques Urbanos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Bugio no PEAL

Bugio avistado no Parque Estadual Alberto Löfgren

Dentre os atrativos do Parque estão trilhas, lagos, arboretos históricos-científicos, o Palácio do Horto e o Museu Florestal Octávio Vecchi, sendo este último um espaço ímpar, que conjuga arte, história e ciência.  O Parque oferece ainda inúmeros pontos de observação de animais silvestres. Os visitantes podem avistar primatas como bugio, sagui e macaco-prego. A área tem forte potencial para a prática da observação de aves (birdwatching), atividade que pode gerar renda e ainda contribuir com a conservação.

Além disso, o Parque é um importante prestador de serviços ecossistêmicos. Suas bicas são importantes fonte de água pura para a população desde o início do século passado. Além disso, comparado às áreas mais urbanizadas da cidade, o PEAL e seu entorno apresentam temperaturas mais amenas, com uma diferença de até 8°C. A presença da vegetação tem ainda uma influência positiva na umidade relativa do ar, com média mensal de 83,7% (o valor crítico para o conforto humano é 30%). O Horto é possibilidade para educação ambiental humanização e qualidade de vida.

Pesquisas com sementes para recuperação florestal

O Parque Estadual Alberto Löfgren é mais do que uma área de lazer. O Instituto Florestal possui um corpo técnico altamente especializado que dá uma retaguarda essencial à gestão da visitação pública, pois estuda constantemente as espécies de fauna e flora ali presentes, as relações ecológicas e a geografia da área, promovendo sua conservação. O PEAL é um laboratório vivo, onde cientistas fazem pesquisa e produzem conhecimento para melhorar cada vez mais a vida da população.

Fotos: Paulo A. de Muzio e José D. Senhorinho