03/11/2015

*Texto baseado em reportagem publicada na Pinus Letter homenageando o engenheiro agrônomo Francisco José Nascimento Kronka, pesquisador científico aposentado do IF.

Os primeiros relatos referentes à introdução de espécies de Pinus no Brasil foram apresentados pelo naturalista sueco Alberto Löfgren em sua obra “Notas sobre as plantas exóticas introduzidas no Estado de São Paulo”, datada de 1906. Dessas introduções, que constituem os primórdios da pino-cultura no país, Löfgren relata 16 espécies de Pinus e, também, 55 espécies de Eucalyptus.

Os primeiros estudos referentes às espécies dos chamados Pinus subtropicais foram feitos a partir de 1936 pelo então Serviço Florestal do Estado de São Paulo (atual Instituto Florestal), oportunidade em que foram introduzidas as primeiras sementes de Pinus elliottii var. elliottii e de Pinus taeda. A partir de 1955, foram implantadas extensas áreas localizadas na rede de Estações Experimentais do Instituto Florestal, tendo como base, além das espécies já citadas, os chamados Pinus tropicais, entre os quais se destacaram: Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus kesiya, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii, Pinus strobus e Pinus maximinoi.

Em decorrência das condições encontradas nas suas regiões de origem e locais de sua introdução, muitas espécies não se adaptaram no Brasil. Foi o caso do Pinus radiata, encontrado em regiões de clima mediterrâneo (inverno chuvoso e verão seco), que em nossas condições apresentou pequeno crescimento, sendo completamente dizimada por doenças. Outras espécies, devido à grande amplitude ecológica de sua distribuição natural e objetivando avaliação de sua adaptabilidade às condições do Brasil, tiveram arboretos estabelecidos nas Estações Experimentais do Instituto Florestal. Até o final da década de 1950 haviam sido testadas nas dependências do Serviço Florestal um total de 55 espécies de Pinus e cerca de 10 outras coníferas.

Objetivando melhor produtividade das florestas de Pinus, o Instituto Florestal buscou a definição de espécies e suas respectivas procedências para desenvolver programas de melhoramento florestal que possibilitaram a implantação de pomares clonais de geração avançada, que constituem fontes seguras no fornecimento de sementes de qualidade superior.

O IF possui atualmente 18 Estações Experimentais sob sua gestão, que são áreas de uso múltiplo e destinadas à realização de programas e atividades de pesquisa, dispondo de importantes áreas e coleções de espécies florestais nativas e exóticas. São unidades compostas por uma diversidade de solos que abrangem áreas com vegetação nativa e áreas com plantio de Pinus e Eucalyptus, cujo manejo é importante fonte de produtos florestais (madeira para processo, celulose e papel, resina e sementes florestais melhoradas).

O Instituto Florestal  ofereceu ao longo de décadas valiosas contribuições para a desenvolvimento da pino-cultura no país, não apenas mantendo e oferecendo materiais genéticos, mas colocando à disposição dos interessados, valiosas contribuições na forma de estudos, artigos e relatórios de inúmeras pesquisas realizadas sobre o gênero Pinus.

Razões para a introdução do Pinus
Segundo o pesquisador científico aposentado do IF, o engenheiro agrônomo Francisco José do Nascimento Kronka, uma das razões mais importantes para a introdução do Pinus foi a necessidade de madeira para abastecimento industrial, para processamento mecânico, para produção de madeira serrada e de madeira laminada, para confecção de painéis ou produção de celulose e papel. Kronka afirma que as características para o suprimento de tal matéria-prima são plenamente atendidas por diversas e diferentes espécies de Pinus, devidamente adaptadas, aliadas a práticas silviculturais adequadas. As espécies introduzidas se constituíram em alternativas para produção de madeira na falta do “Pinheiro do Paraná” (Araucaria angustifolia), que foi submetida a uma exploração intensiva e abusiva.