28/10/2015

Pesquisadora científica do IF é coautora em guia de identificação de plantas da Mata Atlântica

Em 2013, seis pesquisadores vinculados à Universidade de São Paulo (USP), à Universidade de Campinas (Unicamp), à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ao Instituto Florestal (IF) realizaram uma expedição ao Legado das Águas – Reserva Votorantim. Foram acompanhados por 25 alunos de mestrado e doutorado da USP e Unicamp. Durante os 13 dias na Reserva, foi realizada coleta e identificação preliminar de material botânico. O trabalho de campo teve continuidade no Laboratório de Sistemática do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e no Departamento de Botânica da Unicamp, onde essas primeiras identificações foram confirmadas por meio de uso de bibliografia especializada, comparação de material de herbário e consulta a especialistas. Duas expedições seguintes foram realizadas para a captação de imagens fotográficas das plantas em floração e frutificação. Foram coletadas cerca de 2 mil amostras, representando 768 espécies de plantas. Entre as espécies catalogadas estão desde as de grande porte, como jequitibá, jatobá e ipê-roxo, até plantas mais delicadas como orquídeas e bromélias.

A pesquisadora do IF Natália Macedo Ivanauskas participou desta empreitada que resultou na publicação do recém lançado “Guia ilustrado para a identificação das plantas da Mata Atlântica: Legado das Águas – Reserva Votorantim”. O livro é um guia para identificação de espécies vegetais que ocorrem na Mata Atlântica (especialmente Floresta Ombrófila Densa). São raras as publicações disponíveis sobre a enorme biodiversidade vegetal do bioma. Tamanha biodiversidade exige ferramentas como este Guia para facilitar a identificação de espécies.

Guia-ilustrado-para-identificacao-de-plantas-da-mata-atlantica

O livro apresenta imagens e dicas de campo para o reconhecimento de 162 espécies de plantas nativas de 50 famílias botânicas diferentes. As características e atributos descritos no guia podem ser observadas a olho nu ou com o auxílio de uma lupa. O Guia inclui uma chave de identificação para árvores e registro fotográfico detalhado das espécies, incluindo folhas, frutos, flores e dicas de campo. A chave de identificação de espécies é uma ferramenta que permitem identificar os nomes dos taxa (grupo taxonômico) pertencentes a um grupo de organismos, geralmente numa determinada região geográfica ou ecológica. Por meio de descrições sistemáticas, a chave trabalha oferecendo duas alternativas em cada etapa e a escolha de uma delas determina a etapa seguinte. É um produto útil tanto para a comunidade científica quanto para estudantes, analistas ambientais e o público em geral. Conhecer o nome popular, o nome científico, e outras informações proporciona familiaridade, valorização e estimula a preservação de espécies. Vale lembrar que com mais de 80% dos brasileiros morando em cidades, o convívio com a vegetação nativa tornou-se hábito cada vez mais distante do cotidiano da maioria. Catalogar e divulgar a Mata Atlântica de forma didática é um importante passo para a sua conservação.

O Guia contribui para a rápida identificação de espécies, o que é importante no diagnóstico ambiental e no planejamento de ações de conservação e restauração florestal. Também pode contribuir para que suas plantas sejam usadas no paisagismo ou em projetos de urbanização, nos quais predominam espécies de origem estrangeira. A nacionalização do paisagismo possibilita a reaproximação da sociedade com a riqueza vegetal do Brasil.

A Reserva e a Mata Atlântica
Legado das Águas – Reserva Votorantim é uma reserva particular de 31 mil hectares de Mata Atlântica no Estado de São Paulo. Está localizada no Vale do Ribeira e representa um dos mais importantes remanescentes do bioma do país.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais diversos do planeta. Contém mais de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil endêmicas (só ocorrem nesse ecossistema). Abriga sete das nove bacias hidrográficas brasileiras. Durante os últimos séculos, o bioma sofreu intensa fragmentação de seus remanescentes naturais. Atualmente, a área apresenta apenas 7,5% de sua cobertura original. A Mata Atlântica é um hotspot de biodiversidade, categoria conferida pela Conservation International a áreas prioritárias de conservação. Os critérios para sua inclusão levam em conta o grau de devastação e o endemismo (40% das espécies).

A Reserva, somada às Unidades de Conservação estaduais, constitui um rico corredor ecológico, conectando fragmentos do interior do estado à Serra do Mar e Serra da Juréia. A conexão com outras áreas possibilita o fluxo gênico e diversidade das espécies ali existentes. Além de possibilitar estudos voltados para a conservação e o uso consciente dos recursos naturais, a área tem enorme potencial de promoção de melhorias sociais e econômicas para as comunidades locais, por meio do acesso sustentável aos recursos, visando o compartilhamento dos benefícios provenientes da floresta.

Mais informações: Pesquisadora científica Natália Macedo Ivanauskas – Seção de Ecologia Florestal – Tel.: (11) 2231-8555 / Ramal 2097