18/11/2014

Uma parceria entre um grupo de pesquisadores coordenados por Kátia Mazzei, do Instituto Florestal de São Paulo, e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Micro e Nanoeletrônicos (Namitec), deve permitir o início de experimentos usando redes de sensores sem fio (RSSF) para monitoramento de animais em áreas florestais. Neste primeiro momento, a ideia é selecionar um trecho de uma rodovia que corte uma área significativa de mata para instalar uma RSSF visando o monitoramento de felinos de médio e de grande porte.

A perspectiva do início dessas atividades existe desde 2010, quando Kátia assistiu a uma palestra da professora Linnyer Beatrys Ruiz, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e membro do Namitec, durante um Congresso de Zoologia realizado em Belém. No entanto, uma das maiores dificuldades para viabilizar o início das atividades foi possibilitar que o pedido de financiamento junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pudesse ser efetivamente enquadrado como monitoramento ambiental e não como desenvolvimento de equipamentos e de tecnologia. Agora, com os avanços nas pesquisas e o aperfeiçoamento dos sensores responsáveis pelo monitoramento, a expectativa é que, em breve, possam ser feitos os primeiros experimentos com sensores em áreas de controle.

Durante todo o tempo de maturação do experimento entre o Instituto Florestal e o Namitec, prezou-se pelo diálogo e pela colaboração. Neste sentido, um importante passo foi a participação de Kátia em uma banca de doutorado defendido no âmbito do Namitec e com o título “Metodologia para a implementação de arcabouços inteligentes para o auxílio ao projeto de redes de sensores sem fio”. A tese foi defendida na Universidade de Brasilia (UnB), em 2013, por Letícia Toledo Maia Zoby e teve orientação do professor José Camargo da Costa (UnB) e da professora Linnyer Ruiz.

A tese incluiu uma abrangente análise da literatura sobre a aplicação de técnicas de monitoramento em rodovias, envolvendo dois focos principais: monitoramento de incêndios florestais e monitoramento de felinos. No entanto, na ocasião, não foi possível validar os resultados do arcabouço a partir de projetos de RSSF efetivamente realizados. O início dos experimentos com sensores na área de controle pode ser uma oportunidade de verificar os resultados obtidos na tese.

“Para nós, do Instituto Florestal, a aproximação com o Namitec aumenta a expectativa de que será possível, em um futuro não muito distante, substituir parte do trabalho realizado por pessoas por sistemas com sensores inteligentes. Trata-se, sem dúvida, de um grande desafio, pois essa mudança também exige a adoção de redes de sensores sem fio em ambientes externos e com dimensões de centenas de quilômetros quadrados, mas o avanço da tecnologia tem aumentado nosso otimismo”, ressalta Kátia Mazzei. Ainda segundo a pesquisadora, a expectativa é que experimentos com sensores também possam ser realizados em parceria com o grupo coordenado pela professora Sueli Ângelo Furlan, do Laboratório de Climatologia e Biogeografia da Universidade de São Paulo (USP).

Além da cooperação com o Instituto Florestal, no desenvolvimento de aplicações de Ecologia de Passagem, o Grupo Manna de Pesquisa e Desenvolvimento em Rede de Sensores Sem Fio da UEM, coordenado por Linnyer, tem desenvolvido outras aplicações de monitoração de espécies. Um exemplo é a Monitoração de Colméias de Apis Mellifera em cooperação com a professora Lucimar Pontara Peres, do Departamento de Zootecnia da UEM. Uma aplicacão de monitoração usando RSSF vem sendo desenvolvida e aplicada no apiário da Fazenda Iguatemi da UEM desde 2012. Além dos felinos e das abelhas, pássaros, sapos, borboletas e lobos guará já foram temas de trabalhos do Grupo Manna no contexto do Namitec.

Foto: Peter Crawshaw/ICMBio/Projeto Felinos da Serra do Mar

Texto: Namitec

Mais informações: Pesquisadora científica Kátia Mazzei – Tel.:(11)2231-8555 / Ramal 2204