12/03/2014

Antes vistos como um mero problema de saúde pública, os animais domésticos em situação de abandono mobilizam um grande número de pessoas atuando em sua proteção e cada dia mais são encarados como uma questão ambiental e vistos como merecedores da mesma dignidade e atenção que outras questões ambientais recebem.

Em 2012, a Secretaria do Meio Ambiente lançou no Parque Estadual Alberto Löfgren (Horto Florestal) uma campanha contra o abandono de animais nos parques, com a inauguração de placas e presença de diversas entidades ambientalistas.

Os membros do grupo Os Cães do Parque estiveram presentes na ocasião e desde 2010 têm atuado como grandes parceiros do Instituto Florestal através de voluntariado. Formado pelos frequentadores do Horto e moradores da zona norte paulistana Fábio Pregucci e Soraia Alessandra Cintra, o grupo já resgatou do parque mais de 150 animais, que foram socorridos, castrados, vacinados e encaminhados para adoção. Por não ter sede ou abrigo, o grupo precisa do apoio de voluntários eventuais que colaboram dando acolhimento temporário para os bichos à espera de adoção.

O projeto não participa de feiras de adoção. O processo é inverso: fotos e videos dos bichos disponíveis são publicados no site www.oscaesdoparque.org e na página pessoal de Fábio Pregucci no Facebook. Os futuros adotantes se inscrevem, passam por entrevista e, se aprovados, recebem a guarda definitiva do animal. A Soraia e o Fábio fazem de tudo para entregá-los pessoalmente. Outro aspecto chama atenção, não são aceitas doações em dinheiro. “Somos uma ação de voluntariado, não uma ONG”. A forma do cidadão ajudar é doar ração, custear procedimentos veterinários de castração ou abrigar um animal até que ele encontre o lar definitivo.

O grupo reconhece que o principal objetivo de suas ações é, também, o de colaborar na criação e concretização de políticas públicas que contemplem o bem-estar dos animais.

“Não há como se pensar em proteção de animais sem engajamento político: apenas o poder público, em parceria com a sociedade civil organizada, pode, através de medidas de largo alcance, erradicar a prática do abandono e da guarda negligente de animais da nossa sociedade.”

Uma das principais demandas são políticas sistemáticas e efetivas de controle reprodutivo. Apesar de já existirem notáveis programas de esterilização no Estado de São Paulo, o acesso ao serviço, ainda que gratuito, é restrito, por diversos motivos, como a falta de divulgação, dificuldades de transporte dos animais até os mutirões e clínicas conveniadas aos órgãos governamentais, a indiferença ou preconceito em relação à castração.

A castração tem inúmeros benefícios para a saúde e o bem-estar dos animais domésticos, evita que cães e gatos se machuquem ou se percam ao seguirem fêmeas no cio e ainda, inquestionavelmente, previne o abandono de crias indesejadas.

Promover a adoção deve ser também reconhecido como uma política fundamental e digna de ser realizada pelo Poder Público, como estratégia de redução de animais em situação de abandono e de despertar da corresponsabilidade da sociedade civil. Afinal, conforme afirmação presente no site de Os Cães do Parque, “Adotar um animal tirado do abandono é, mais que um ato óbvio de amor, um inestimável ato de cidadania.”

Fotos: Paulo A. Muzio

Mais informações: Especialista Ambiental Natália Ferreira de Almeida- Tel.: (11) 2231-8555 / Ramal 2124