O Plano de Manejo da Estação Ecológica de Assis, aprovado pela plenária do CONSEMA no dia 29 de abril de 2009, traz informações atualizadas sobre os recursos naturais desta Unidade de Conservação e diretrizes claras para o seu manejo.

Este Plano, elaborado por pesquisadores do Instituto Florestal, com a colaboração de alguns pesquisadores externos, é uma atualização do Plano original elaborado em 1995, ao qual foram agregadas informações detalhadas sobre os solos e fauna, para os quais as informações originais eram deficientes. Para esses levantamentos, o Instituto Florestal contou com recursos de compensação ambiental da ATE – Transmissora de Energia S/A.

Esta unidade de conservação, criada em 1992 e ampliada em 2002, ocupa hoje área de 1.760,64 ha, dos quais 75% são ocupados por vegetação nativa (cerrado lato sensu, campo úmido, floresta paludícola e ecótono entre o Cerrado e a Mata Atlântica) e o restante são áreas de silvicultura de Pinus e Eucalyptus, nas quais a total eliminação das espécies exóticas e restauração da vegetação nativa são prioridades do novo Plano de Manejo.

A Estação Ecológica de Assis preserva uma amostra significativa de Cerrado em sua zona marginal de ocorrência ao sul do país, sendo, portanto, fundamental para a compreensão dos fatores condicionantes da ocorrência desse ecossistema e dos processos ecológicos que lhe são peculiares. A condição ecotonal, com parte da área ocupada por vegetação de transição entre o Cerrado e a Floresta Estacional Semidecidual, aumenta a relevância da unidade para a conservação não apenas de espécies, mas de processos ecológicos importantes, especialmente os relacionados com a adaptação dos ecossistemas a mudanças climáticas.

É a única Unidade de Conservação a proteger o Cerrado em todo o oeste do Estado, constituindo-se, assim, em área de alta importância para a ciência, o que pode ser atestado pelo crescente interesse de pesquisadores em desenvolver seus estudos na unidade, com 61 projetos registrados até 2008.

Já foram registradas na Estação Ecológica de Assis 945 espécies de seres vivos, incluindo plantas (577), mamíferos (18), aves (170), anfíbios (23), répteis (20), peixes (12), borboletas (33), dípteros (40), aranhas (49) e escorpiões (3). Algumas dessas espécies encontram-se ameaçadas de extinção, compreendendo plantas (Aiouea trinervis; Bowdichia virgilioides; Eugenia klotzschiana (Figura 1); Gyptis vernoniopsis; Merostachys skvortzovii; Ormosia arborea e Pavonia guerkeana), mamíferos (tatu-de-rabo mole Cabassous unicinctus; mão-pelada Procyon cancrivorus; jaguatirica Leopardus pardalis mitis; anta Tapirus terrestris; paca Cuniculus paca) e aves (pomba-pedrês Patagioenas speciosa e soldadinho Antilophia galeata), que contribuem para aumentar a significância da área para a conservação.

Recentemente, têm sido observadas na Estação Ecológica de Assis espécies animais consideradas extintas localmente, uma vez que não eram observadas na região há décadas, como a anta Tapirus terrestris e a onça-parda Puma concolor (Figura 2).

Para a cidade de Assis, agrega-se ainda a importância da unidade pela proteção que oferece às nascentes do manancial de abastecimento público (Figura 3) , que atende a cerca de 90 mil habitantes.

A raridade de áreas naturais públicas no município e região faz com que a Unidade de Conservação adquira grande relevância também como espaço adequado para a Educação Ambiental por meio de contato direto com ecossistemas bem conservados.

As principais ameaças à conservação dos recursos naturais da Estação Ecológica de Assis, apontadas pelo Plano de Manejo, são a expansão urbana, a conversão do uso da terra (especialmente a substituição de pastagens pela cultura canavieira nas propriedades vizinhas), as espécies exóticas invasoras (animais e vegetais) e as rodovias que delimitam a unidade , nas quais muitos exemplares da fauna silvestre têm sido vítimas de atropelamento.

O Plano de Manejo recém aprovado prevê providências para minimizar tais ameaças e indica atividades potencialmente impactantes na Zona de Amortecimento da unidade, cujo licenciamento ambiental deverá ser condicionado à aprovação pelo Instituto Florestal.

Contato IF: PqC Dra. Giselda Durigan – E.Ec. Assis – F: 18-3325-1045/1066/6485