O Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (Icraf) premiou os dois melhores trabalhos apresentados no VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAFS) com duas passagens para o Nairobi/Quênia, onde vai acontecer o II Congresso Mundial de Sistemas Agroflorestais, em outubro deste ano. Foram inscritos 320 trabalhos no evento, dos quais foram aprovados 226 para apresentação.

O trabalho Implantação de Sistemas Agroflorestais em Área de Preservação Permanente pelos Reeducandos do IPA (Instituto Penal Agrícola) no município de São José do Rio Preto” foi classificado em primeiro lugar.

Resumo
O “Grupo Temático de Unidade de Experimentação e Demonstração de SAFs e Outros Projetos de Interesse de Desenvolvimento Sustentável em Matas Nativas e Reserva Legal, que conta com a participação da Secretaria Meio Ambiente (SMA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do Governo do Estado de São Paulo, tem por finalidade implantar modelos de SAFs na zona de amortecimento em torno da “Estação Ecológica do Noroeste Paulista”, situada no Instituto Penal Agrícola – IPA “Javert de Andrade, município de São José do Rio Preto.

Neste sentido, está sendo realizado um trabalho com grupos de reeducandos do IPA, através de um processo que constou do ingresso, capacitação, motivação e sensibilização dos participantes. A missão deste Grupo Temático é fornecer modelos econômicos viáveis de SAFs para APP e RL e fomentar estratégia que promova a ressocialização dos reeducandos voltado ao mercado de trabalho ambiental, além de disponibilizar áreas de demonstração para os produtores da região.
Esta ação socioambiental faz parte do Projeto Estratégico Mata Ciliar, gerenciado pela SMA, que financia uma bolsa, baseado no salário mínimo que é repassado para a FUNAP que administra e paga os reeducandos, a partir da freqüência de trabalho. O Mata Ciliar ainda financiou toda a compra de insumos, ferramentas, mudas, EPIs e uniforme de trabalho, combustível para trator, assim como uma consultoria para a articulação institucional regional e gerenciamento de campo.

Objetivo Específico do Projeto:

  • Desenvolver conhecimento aplicado na condução de sistemas agroflorestais produtivos em Áreas de Preservação Permanente para as condições geoclimáticas de São José do Rio Preto;
  • Capacitar reeducandos do IPA para o mercado de trabalho da Restauração Florestal, favorecendo a ressocialização destas pessoas;

Componente Educacional:

  • Direcionamento e condução das atividades de campo e intervenções educacionais baseadas em Princípios Agroecológicos e princípios do Modelo Colaborativo, relacionando-os com questões de conduta e ação humanos para um desenvolvimento saudável da sociedade;
  • Construção do conhecimento básico sobre Restauração Florestal e Práticas Agroecológicas de forma participativa, valorizando o resgate dos conhecimentos e potencialidades inerentes a cada indivíduo, transmitindo ao grupo uma relação de confiança e importância;
  • Co-responsabilidade pelas atividades de plantio e manutenção.

Resultados Alcançados:

  • Plantio 60 espécies nativas em aproximadamente 5 ha de APP, distribuídas no espaçamento 2×3, consorciando-se milho, adubação verde, abóbora e melancia;
  • Ação conjunta com o setor de horta do IPA, que viabilizou a doação de alimento para o programa Mesa Brasil do Sesc;
  • Abastecimento em momentos pontuais a cozinha dos reeducandos com milho verde, milho e abóbora;
  • Aprendizado sobre a condução do trabalho no contexto de uma unidade prisional para se ter bom rendimento no trabalho de campo;
  • Percepção de que o desenvolvimento de novos modelos de plantio devem se embasar em conhecimento técnico/científico, sem restringir as vivencias práticas e conhecimentos tradicionais;
  • Percepção de que o envolvimento e ação pró-ativa do agente penitenciário é importante para se alcançar rendimento e boa convivência no grupo de reeducandos;
  • Formação de um grupo de trabalho unido e comprometido com o trabalho desenvolvido, perceptível pelo estabelecimento de um grupo de bom rendimento sobre metas estabelecidas;
  • Capacitação de três turmas somando aproximadamente 100 pessoas, das quais 43 já passaram pelo projeto, sendo que 20 permanecem trabalhando. Destes 43, seis ganharam a liberdade condicional.

Maiores Informações:
João Bosco Monteiro
Estação Experimental de São José do Rio Preto
F: (17) 3233-6404
eeriopreto@yahoo.com.br
monteirobosco17@yahoo.com.br